O projeto +Agro visa qualificar as Pequenas e Médias Empresas (PME’s) do setor agroalimentar para a adoção de estratégias inovadoras, com recurso às Tecnologias da Informação, Comunicação & Eletrónica (TICE), que lhes permitam aumentar a sua produtividade e eficiência ao nível da prevenção de riscos de Segurança e Saúde no trabalho (SST), da eficiência energética e da otimização de processos de produção.
Trata-se de um projeto aprovado no âmbito do COMPETE 2020, com um financiamento superior a um milhão de euros.
O projeto vai incidir nomeadamente nos subsetores dos produtos cárneos, dos produtos hortofrutícolas, dos produtos lácteos e dos produtos de padaria, por serem estes nos quais existem maior número de empresas com produtos diferenciados com valorização nos mercados nacional e internacional.
A estratégia na qual assenta o projeto baseia-se numa lógica de criação de soluções de expeditas e fácil acesso e utilização que respondam de forma efetiva, eficaz e eficiente às falhas de mercado identificadas, nos subsetores e vertentes do estudo, pelo conhecimento aprofundado da realidade das empresas nas NUT II Centro, Norte e Alentejo. Assim, as soluções de base tecnológica com recurso às TICE, disponibilizadas numa única plataforma de acesso livre pelas PME’s, versaram ferramentas práticas que constituam soluções para melhoria da gestão da produção, da eficiência energética e da SST e que sejam capacitadoras à introdução de inovação. Toda esta abordagem é também pautada pela disseminação das boas práticas nas distintas vertentes investigadas no projeto.
O projeto, liderado pela Universidade da Beira Interior (UBI), é desenvolvido em colaboração com outras cinco instituições de Ensino Superior portuguesas, Universidade de Évora (UÉvora), Instituto Politécnico de Castelo Branco – Escola Superior Agrária (IPCB-ESA), Instituto Politécnico da Guarda (IPG), Instituto Politécnico de Coimbra – Escola Superior Agrária de Coimbra (IPC-ESAC) e Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) e uma associação do sector agroindustrial, Associação do Cluster Agroindustrial do Centro (InovCluster).
O projeto é estruturada em 5 fases.
A primeira reside na divulgação do projeto nas três regiões de intervenção com o intuito de mobilizar um conjunto alargado de PME’s do setor agroalimentar.
A segunda fase incorpora a criação de um modelo de planeamento e gestão integrada das ações de capacitação das PME’s utilizadoras do projeto, com intuito de fomentar e facilitar a introdução das ferramentas técnicas e metodologias inovadoras desenvolvidas no projeto nessas PME’s. Esta fase será apoiada pela criação de uma plataforma informática que agregue, de forma integrada e concertada todas as ferramentas, conhecimento e informação previstos no projeto.
A fase seguinte considera o diagnóstico inicial com análise do conhecimento e informação existente e recolha de informação e medição de parâmetros em empresas dos subsetores dos produtos cárneos, produtos hortofrutícolas, produtos lácteos e produtos de padaria, para caraterização do processo e atividades, condições relacionadas com os consumos energéticos e métodos, procedimentos e sistemas de promoção da eficiência energética, e análise das condições de SST.
A fase consequente visa a criação de ferramentas TICE para cada um dos domínios diferenciadores abrangidos e por cada um dos subsetores supracitados, de caraterização dos perigos e riscos específicos e de boas práticas à sua mitigação; de boas práticas para a eficiência energética e capacitação para a implementação de soluções energéticas inovadoras e amigas do ambiente; de análise e caraterização dos principais estrangulamentos ao nível da aplicação dos métodos tecnológicos, organizacionais e de gestão de sistemas produtivos.
A última fase do projeto reside na disseminação de resultados, visando assegurar a universalidade de acesso ao conhecimento e ferramentas produzidas pelo projeto a todos os seus potenciais utilizadores, e paralelamente promover e apoiar a introdução de inovação nas empresas do setor agroalimentar.
Assim, conforme explica Pedro Dinis Gaspar, docente do Departamento de Engenharia Eletromecânica da UBI, que coordena o projeto, “pretende-se identificar fatores críticos de sucesso para o aumento da produtividade das PME’s do setor agroalimentar com base no conhecimento da realidade setorial e regional e apoiar a criação de vantagens competitivas e valorização através de boas práticas ambientais e sociais das empresas, ligadas à adoção de práticas de gestão da produção inovadoras, eficiência energética e SST, e à exploração e comunicação dessas vantagens. Da utilização das ferramentas desenvolvidas no âmbito do projeto nasce um potencial de inovação capaz de induzir desenvolvimento de novos produtos e processos, mais competitivos e com maior valor acrescentado. Desta forma, é previsto que os resultados do projeto tenham impacto a montante e a jusante do setor agroalimentar e em setores transversais. Não obstante, tratando-se de um projeto com enfoque no setor agroalimentar, tem impacto direto sobre o setor agrícola, que nas regiões de abrangência apresenta importância fundamental para a coesão social e territorial e para a criação de riqueza baseada numa valorização dos produtos tradicionais, que aliando tradição e inovação, potencia o aparecimento de produtos de excelência.”